Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até à minha presença.
(Jonas 1:2)
Uma ordem direta!! Assim foi o chamado de Deus ao profeta Jonas, e ele preferiu priorizar as suas opiniões, e por isso, pagou um preço, até que compreendeu que o melhor era obedecer. Apesar de ser bastante conhecida, possivelmente alguns detalhes podemos ter deixado passar despercebidos, ou então, tenhamos compreendido de maneira equivocada o contexto vivenciado pelo profeta Jonas ao longo desta que foi indiscutivelmente uma grande experiência do profeta com Deus.
Quem era Jonas? O nome Jonas significa “pomba”, possivelmente fazendo uma alusão ao fato desta ave ser comumente utilizada para o envio de mensagens entre pessoas em terras distantes. O profeta é oriundo do distrito de Zebulom, região muito conhecida pela pluralidade de povos e suas diversidades culturais e religiosas. Diante disto, fica fácil compreendermos que Jonas tinha um bom conhecimento acerca dos costumes e práticas de diferentes povos. E por esta razão, podemos entender a resistência de Jonas no atendimento ao chamado do Senhor para esta missão de entregar esta mensagem aos ninivitas. Jonas não sentia medo, mas sabia, que pelo teor da mensagem de Deus, haveria uma chance de arrependimento e com isso, o juízo de Deus não viria sobre aquele povo. E era exatamente isto que não agradava a Jonas. Ele queria determinar quem seria ou não digno da misericórdia e do perdão de Deus.
A mensagem confiada pelo Senhor ao profeta Jonas era uma mensagem de juízo, com vistas ao arrependimento, dando aos ninivitas ainda uma oportunidade de se corrigir dos seus maus caminhos. (Jonas 3.4)” … ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.” Toda vez que vemos o número 40 na Palavra de Deus, devemos entender como Teste/processo da Parte de Deus com um homem, nação ou até mesmo toda a humanidade. Ao olharmos para (Gen 8.6) E aconteceu que ao cabo de 40 dias , abriu Noé a janela da arca que tinha feito. Ou ainda ao meditarmos sobre os 40 anos que o povo de Israel ficou vagando no deserto, ou ainda os 40 dias em que Jesus jejuou no deserto, sendo tentado por Satanás. Quando falamos em teste, processo de Deus, falamos em aperfeiçoamento, reflexão, conversão ou arrependimento, tratando cada um de acordo com os seus propósitos. Na mensagem de Jonas vemos o juízo vindouro sobre Nínive em 40 dias, a mensagem do profeta não apresenta os motivos do Juízo explicitamente, mas produz nos ninivitas, neste prazo determinado por Deus, a necessidade de refletir acerca dos seus feitos, onde cada um é acusado pela sua própria consciência, e diante da instrumentalidade de Jonas, todo aquele povo se humilhou na presença do Senhor e se arrependeu. O processo de Deus alertava acerca da destruição, mas apresenta oportunidade de arrependimento, consagração e transformação.
Interessante falarmos em instrumentalidade, pois todos sabemos que Jonas resistiu em obedecer ao chamado do Senhor para pregar aos ninivitas. Muitos acreditam que fosse por medo, considerando a crueldade daquele povo, porém o fator determinante para essa resistência, entendemos que tenha sido justamente pelo fato de Jonas não desejar que Nínive tivesse acesso a misericórdia do Senhor, considerando toda a maldade praticada por aquele povo.
“Porém Jonas se levantou para fugir da presença do Senhor para Társis. E descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do Senhor.” (Jonas 1.3)
Jonas não se colocou a fugir dos ninivitas, mas do próprio Deus. Jonas se afasta da vontade de Deus. Jonas foge para Társis em desobediência, e começa a descer. Primeiro desceu para o porto de “Jope”, que significa beleza, fazendo a aplicação, entendemos sobre aqueles que saem do Espírito e da direção do Senhor e se deixam levar pelas concupiscências dos olhos, desejos materiais. No porto, local de novidades, chegadas e saídas de mercadorias, mais uma vez enfatizando o que acontece quando nos afastamos do propósito de Deus, desviamos a nossa atenção para as futilidades e facilidades deste mundo. Terceiro Jonas desce para o porão do Navio, local escuro longe da luz, e ali nas trevas Jonas se coloca a deitar, no comodismo em meio à desobediência. Deus permite uma tempestade, ventos fortes, e agita as águas, acabando com aquela tranqüilidade, e Jonas é lançado ao mar, desprotegido, derrotado, renegado, e vai para dentro do ventre do peixe e então levado para o fundo do mar.
Quando fugimos da presença de Deus, só temos à descer. Jonas estava em desobediência, não conseguia enxergar mais pelos olhos da Fé, saiu do campo do espiritual e começou a descer cada vez mais, e sua cegueira espiritual foi tamanha, que acreditou que poderia renunciar a voz de Deus, desobedecer ao chamado do Senhor e não cumprir as conseqüências pelos seus atos. Porém, os Planos de Deus não podem ser frustrados. Jonas não entendia, não concordava, mas Deus não se engana, Ele sabe de todas as coisas e tinha um propósito à ser cumprido, e já havia escolhido e chamado o profeta certo para aquela incumbência. Deus não se engana em Suas escolhas!! Fui Eu quem vos escolhi!! Jonas sim era agora um peixe fora d’água. O navio não era o seu lugar, o porão escuro não era o seu lugar. Foi lançado ao mar, e este não era o seu lugar, e foi engolido por um grande peixe, muitos dizem ser uma baleia, porém, baleia não é um peixe, mas um mamífero marinho, portanto, não vamos aqui conjecturar, mas nos ater ao texto Bíblico. E no ventre deste grande peixe, Jonas compreende o valor de uma segunda oportunidade.
No ventre do peixe, nas profundezas de sua angústia, ali Deus ouviu o clamor de Jonas, e o respondeu. Três dias e três noites Jonas esteve no ventre do Peixe, e mesmo ali, distante da vontade de Deus, em total desobediência, Deus escuta o seu clamor e mediante o seu arrependimento, Deus o concede uma nova oportunidade (Jonas 2.2) E disse: na minha angústia clamai ao Senhor, e Ele me respondeu.(…). Deus poupou a vida de Jonas, e agora o fez compreender o a importância de uma segunda oportunidade, que ele estava se opondo a oferecer aos ninivitas.
Ao ser lançado pelo peixe em Nínive, Jonas ouve a confirmação do chamado de Deus. E sai imediatamente no cumprimento do chamado de Deus para a sua vida, e entrega integralmente a mensagem que Deus o confiou. Quando nos arrependemos, Deus nos conduz em segurança de volta ao caminho, e confirma em nossa vida o Seu chamado. A mensagem de Jonas foi simples, objetiva, porém entregue por um profeta totalmente capacitado, com experiências com Deus, sabedor da importância de uma segunda oportunidade da parte de Deus. Do Rei, até o mais carente do povo, todos se humilharam na presença de Deus e se arrependeram dos seus pecados. A pregação de Jonas resultou num grande avivamento. Confirmando, que não há avivamento sem arrependimento, sem quebrantamento.
O chamado de Deus é perfeito, a obra de Deus é completa. O poder de Deus transforma tudo e todos envolvidos no Seu propósito. Inclusive o profeta. Jonas experimentou uma profunda transformação pelo poder de Deus, para que por seu intermédio, vidas pudessem ser conduzidas ao arrependimento pela ministração da mensagem de Deus. Não reclame do processo de Deus para a sua vida!! Pare de questionar e obedeça! Deus tem um plano.
Ev. Leonardo Souza
Assembléia de Deus em Campo Grande-RJ